segunda-feira, 11 de abril de 2016

Você também “ouve vozes”?

Você também “ouve vozes”?

...A vida então quer ser amável... Fátima Guedes
Nosso mundo é um mundo com pessoas bastante arraigadas nele - nas convenções, crenças e invenções culturais de todo tipo, e com outras bem mais flutuantes “destacadas”: neuróticas, hipersensíveis, esquizoides? Toda rigidez a respeito de tipos de personalidade oferece riscos imensos. A vida pode se afigurar como um problema muito grande e ameaçador. Com certeza há os sujeitos “mais comuns” e bem ajustadas, que 'conseguem evitar a clínica psiquiátrica, mas alguém perto deles sempre terá que pagar por isso', uma vez que viver no estilo de lábios comprimidos como um cidadão modelo, etc, tende a gerar verdadeiros infernos cotidianos: é como quando por baixo de uma fina crosta ocultam-se rios de lava ardente e fumaça tóxica. Não se trata apenas da mesquinharia diária e dos pequenos sadismos praticados contra vizinhos, parentes, amigos, cônjuges e bichos de estimação. Muitas pessoas tidas por equilibradas, saudáveis e funcionais, movem-se feito sonâmbulas - como que numa espécie de esquecimento da angustia, por terem erguido um pesado muro de repressões para ocultar o problema da vida e da morte. Segundo Rank, Becker e outros estudiosos do fenômeno, olhando a coisa, não como um problema moral, mas sim de realidade e ilusão, chegaremos a conclusão de que aquilo que chamamos de caráter humano é, de fato, uma mentira a respeito da natureza da realidade (vital porém mentirosa). O “benefício” proveniente da auto-tapeação-intrapsíquica é o de que a pessoa permaneça protegida-embutida no “poder alheio” e, não vulnerável, como se isolada das crenças e práticas culturais: o sentimento de que a pessoa é importante e que está em condições de fazer algo de bom pelo mundo, tem o poder de confortá-la.
Você também ouve vozes?
Se sua resposta foi positiva, essas vozes podem estar sussurrando uma possível verdade: que a vida humana talvez não seja mais que um interlúdio insignificante em um maldoso drama de carne e osso a que denominamos evolução; que o Criador talvez não ligue mais para o destino do homem ou a autoperpetuação dos homens individualmente do que Ele parece ter ligado para os dinossauros ou os tasmânios. Seria esse o mesmo sussurro que escapa “incoerentemente” da Bíblia na voz do Eclesiastes: tudo é vaidade (vazio, ilusão), vaidade de vaidades?
Ou será mais prudente e sensato dar ouvidos à voz e a mensagem que musa Fátima Guedes veio entregar?

Grata
Fátima Guedes

Nos teus olhares ardentes
essa questão se demora:
o nosso amor é outono
é primavera lá fora
A vida, então, quer ser amável,
decerto faz muito sentido,
carrego dor suportável,
sou grata por ter nascido.
Teus olhos moram nos meus
queimam os meus, comem os meus.

Vassum Crisso - MG

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