domingo, 7 de fevereiro de 2016

Sobre des-obedecer para cumpr-ir mand-ame-ntos

Sobre des-obedecer para cumpr-ir mand-ame-ntos 
Miguel Garcia
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 "aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, jamais terá acesso a ele”. Marcos 10. 15

A criança faz muita confusão entre as relações de causa e efeito, além de nutrir-se de um extremo irrealismo quanto aos limites de sua própria força, o fundamentalismo religioso, idem.
A criança vive em um estado de absoluta dependência e, quando sua necessidade é satisfeita, infla da sensação de que dispõe de poderes mágicos - de verdadeira onipotência, o fundamentalismo religioso, também.
Se uma criança sente dor, fome ou aflição, tudo que tem a fazer é chorar e será reconfortada e embalada por sons delicados e amorosos. Ela se sente um mágico e um telepata que precisa apenas murmurar e imaginar para que o mundo se transforme segundo seu desejo, o funda-mentalista  religioso ora "forte" e sacrifica em lugar de deixar fluir a misericórdia.
Quando uma criança experimenta frustrações inevitáveis e reais causadas pelos pais ou responsáveis, ela dirige sentimentos de ódio e de destruição contra estes últimos, e não tem como saber que os desejos maus não podem ser atendidos pela mesma mágica que, segundo o que imagina, realiza seus bons desejos, daí este estado de confusão ser a maior causa de culpa e desamparo entre os poderosos 'baixinhos'. O fundamentalista religioso vê-se enredado pela culpa e vergonha. Quando frustrado - o que é natural à uma criatura finita/imperfeita (animal/humana), busca consolar-se em rituais e cerimoniais birrentos -  lançando exigências descabidas aos céus  - ao Deus que supostamente reside refestelado numa quarta dimensão (fora do mundo). Não raras vezes,  é possível flagrar um "dono da verdade absoluta" unido aos seus iguais pelo ódio e inveja, voltando sentimentos arrasadores contra si mesmo, ou dirigindo tais sentimentos odientos contra seus parceiros, sobretudo, lancetando os que não partilham dos mesmos dogmas, tradicionalismos, cerimonialismos e superstições  que dão liga e substância ao seu grupo.
A criança é fraca demais para assumir responsabilidade por sentimentos destrutivos  e não pode controlar a execução mágica de seus desejos. Criança tem ego (eu interior) imaturo e, ao que muita coisa indica, o fundamentalista religioso, idem.
Eis o que chamo de obediência às avessas: deixar vago o lugar do adulto na dimensão da espiritualidade e da vida como um todo.
Por sorte nem toda criança vive no mesmo mundo ou tem os mesmos problemas. Por sorte nem todo mundo infantil é terrível a maior parte do tempo. Por sorte nem todos temem des-obedecer para cumpr-ir mand-ame-ntos.

"Quando eu era criança, pensava como menino, sentia e falava como menino. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás as atitudes próprias das crianças." I Cor 13:11

Vassum Crisso