‘Não dá pra ser feliz’!
Por Miguel Garcia
“Eu te vejo sumir por ai
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão!
Olha pra mim!
Não faz assim:
Não vai lá, não! (Chico B.)
Bem-aventuradas as crianças, porque não sabem a razão
daquilo que desejam.
Bem-aventurados os adultos que, tal qual as crianças,
caminham vacilantes e ao acaso sobre a terra, sem saber de onde vêm nem para
onde vão! Agem sem objetivos determinados e deixam-se governar, como os
infantes, por meio de biscoitos e vara de marmelo.
Bem-aventurados aqueles que vivem sem pensar no futuro, como
meninos e meninas, 'passeando, despindo e vestindo suas bonecas'; aqueles (as)
que 'rondam respeitosamente em torno da gaveta onde a mãe guardou os doces' e,
quando conseguem agarrar, enfim, as cobiçadas guloseimas, devoram-nas
avidamente e gritam: “Quero mais!”, eis as criaturas ‘felizes’!
Bem-aventuradas também as pessoas que dão nomes pomposos às
suas fúteis ocupações, e até mesmo às suas obsessões, fazendo-as passar por
proezas colossais destinadas à salvação e prosperidade da humanidade. Tanto melhor para os que podem ser assim!...
Mas aquele que humildemente reconhece o resultado de todas
as coisas, vendo, de um lado, como os donos na terra: ‘brancos’, ricos e ‘bonitos’,
sabem cuidar dos seus jardins e deles fazer um paraíso, e, de outro, como o
miserável, levando ofegante o seu fardo, segue o seu caminho sem se revoltar,
aspirando ambos, igualmente a ver por um momento mais a luz do sol: ‘não dá pra
ser feliz’!
(Ins-pirado nas invenções do
poeta Goethe)
Vassum Crisso
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