quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Quer ser "conhecido" ("a")?


Quer ser "conhecido" ("a")?
Miguel Garcia

Segundo o que pude assimilar de Moltmann e Kant, no pensamento do mundo moderno, conhecer alguma coisa significa dominar essa coisa - ter poder sobre a mesma – apoderar-se dela. Compreendi que pelo conhecimento científico, adquirimos poder sobre os objetos e, deles nos apropriamos. Compreendi que o pensamento moderno operacionalizou a razão e, que esta última, só conhece “o que considera 'fruto' de seus projetos particulares” - o que ela mesma produz; que ela (a razão), tornou-se um órgão produtivo, deixando de ser um órgão perceptivo que constrói seu próprio mundo e, só se reconhece a si mesma em seus produtos. 
Cabe considerar que, conhecer em algumas línguas europeias, equivale a capturar: compreendemos algo quando o “temos em nossa captura”. Tendo capturado algo, fazemos disso nossa propriedade. De posse desse algo, dele 'podemos fazer o que bem entendemos'. O interesse que orienta o conhecimento da razão moderna deve ser designado como conquista e dominação.
As idéias dos pensadores acima citados, por fim, levaram-me a perceber que: conhecer para os filósofos gregos e para os antigos padres da igreja católica, significava outra coisa: significava conhecer pela admiração, desse modo, pelo conhecimento poder-se-ia participar da vida de outra pessoa. O ato de conhecer um ‘objeto’ que se apresenta, não o transforma em propriedade do conhecedor, mas ao contrário: por força da simpatia, transforma o conhecedor em elemento participativo do conhecido.  O conhecimento funda comunhão. Por isso, o conhecimento tem o mesmo alcance que o amor, a simpatia e a participação. Posto isto, fica claro que necessitamos ingressar num processo de profunda transformação do conceito moderno da razão: do domínio para a comunhão; da conquista para a participação; do produzir para o perceber. Nosso desafio é o de ver liberada a razão que hoje mofa encarcerada em automatismos desumanizantes, o que resulta em seríssimas distorções do real e abandono de qualquer suavidade e delicadeza possíveis.
Quer ser "conhecido" ("a")?

Vassum Crisso

Nenhum comentário: