segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tudo =!


Tudo =!

O crime, a política e as instituições "religiosas" são a mesma coisa.
Miguel Garcia

Marcha pra Jesus poderia ser seqüência do que realizou o Cristo histórico, sucessão: a marcha dos acontecimentos transformadores de realidades existenciais - da verdadeira Glória de Deus - Glória de Deus que é o homem vivo - pessoas - vítimas da história -  crucificados do planeta . 
Marcha pra Jesus poderia ser um modo de pro-ceder; um comportamento em relação à vida como um todo, não apenas a vida de um nicho, uma fatia pequena, mas da humanidade inteira, sem distinções, contudo, essa que está aí é apenas marcha fúnebre: marcha triste, destinada aos "enterros solenes", ofícios e comemorações fúnebres; marcha surda: aquela feita sem rumor aos olhares mais atentos. Marcha manipulada, endoidecida, produto da sobrecarga sensorial e a liquefação de signos e imagens da sociedade-cultura pós-moderna, o que resulta está bem aí: uma cultura “sem profundidade”: marcha que embaça as distinções entre comércio e cultura e caracteriza a cidade pós-moderna como um sistema utilitarista de produção e consumo. Marcha-atestado de que a arte e a realidade trocaram de lugar numa "alucinação estética do real"; tudo, do mais banal ao mais marginal, estetizou-se, e desta maneira transforma-se a insignificância do mundo atual. No momento em que tudo é estetizado, que a vida nas grandes cidades tornou-se estetizada, os indivíduos são bombardeados por imagens e objetos descontextualizados, mas que evocam sonhos e desejos para um consumo desenfreado cujo resultado é o aumento indefinido dos lucros no capitalismo tardio: marcha pra Jesus?

Eis a marcha em que o signo e a mercadoria juntaram-se para produzir a "mercadoria-signo", ou seja, a incorporação de uma vasta gama de associações imagéticas e simbólicas, que podem ou não ter relação com o "produto" a ser vendido, processo este que recobre o valor de uso inicial dos "produtos" e torna as imagens mercadorias. O valor destas imagens confunde os valores de "uso" e troca, e a substância é suplantada pela aparência. Na "época do signo", produz-se, simultaneamente, a mercadoria como signo e o signo como mercadoria.

Eis a marcha do faz-de-conta que domina a sociedade-cultura de consumo pós-moderna e evidencia sua característica principal que é apresentar um grande número de bens, mercadorias, experiências, imagens e signos "novos" para que as multidões pós-modernas desejem e consumam. Marcha da esquizofrenia onde o indivíduo enfoca determinadas experiências e imagens desconectadas, isoladas, e que não se articulam em seqüências coerentes, sendo este enfoque feito com intensa imersão e imediatismo. Isto quer dizer que o tempo e a história não constituem mais uma lógica compreendendo processos e relações sociais reais; a história reduz-se a significantes (estilos, referências, imagens, objetos) que podem circular independentemente de seus contextos originais. Neste quadro, a posição dos indivíduos pode ser assim caracterizada: "apatia em relação ao passado (o legado do Cristo histórico não interessa a quase ninguém); renúncia sobre o futuro (gozar a qualquer preço e imediata-mente) e uma determinação de viver um dia de cada vez.


Vassum Crisso

Alguns argumentos do meu artigo podem ser encontrados no link/fonte abaixo: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/consumismo2.html

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