segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pelos que vão morrer

PELOS QUE VÃO MORRER

“Ó Tu, Senhor da Eternidade, nós que estamos condenados a morrer elevamos nossas almas a Ti à procura de forças, porque a Morte passou por nós na multidão dos homens e nos tocou, e sabemos que em alguma curva do nosso caminho ela estará nos esperando para nos pegar pela mão e nos levar... não sabemos para onde. Nós te louvamos porque, para nós, ela não é mais uma inimiga, e sim um grande anjo teu, nosso amigo, o único a poder abrir, para alguns de nós, a prisão da dor e do sofrimento e nos levar para os espaços imensos de uma vida nova. Mas nós somos como crianças, com medo do escuro e do desconhecido, e tememos deixar esta vida que é tão boa, e os nossos amados, que nos são tão queridos. Dá-nos a graça de ter um coração valente para que possamos caminhar por esta estrada com a cabeça levantada e com um sorriso no rosto. Que possamos trabalhar alegremente até o fim, e amar os nossos queridos com ternura ainda maior, porque os dias do amor são curtos. Sobre ti lançamos a carga mais pesada que paralisa nossa alma: o medo que temos de deixar aqueles que amamos, os quais teremos de deixar desabrigados num mundo egoísta.  Nós confiamos em ti porque durante toda a nossa vida foste o nosso apoio.
Ó tu, pai dos órfãos, protege os nossos pequeninos. E, antes de partirmos, pedimos-te que chegue logo o dia no qual os que estão morrendo morrerão sem medo, porque os fracos já não mais serão as vítimas dos fortes, e a grande família que é a nação a todo abraçará com sua força e o seu cuidado.
Nós te agradecemos porque experimentamos o gosto bom da vida. 
Somos-te gratos por cada hora de nossas vidas, por tudo o que nos coube das alegrias e lutas dos nossos irmãos, pela sabedoria que ganhamos e será sempre nossa.
Se tivermos de partir logo, sabemos que inda assim foi através de ti que vivemos e a nossa vida continuará a fluir através da raça humana. Pela tua graça nós também ajudamos a moldar o futuro e a trazer dias melhores.
Se nos sentirmos abatidos com a solidão, sustenta-nos com a tua companhia. Quando todas as vozes do amor ficarem distantes e se forem, teus braços eternos ainda estarão conosco. 
Tu és o pai do nosso espírito. De ti viemos e para ti iremos. 
Regosijamo-nos porque, nas horas das nossas visões mais puras, quando o pulsar da eternidade é sentido forte dentro de nós, sabemos que nenhuma agonia da mortalidade poderá atingir a nossa alma inconquistável e, para aqueles que em ti habitam, a morte é apenas a passagem para a vida eterna. Nas tuas mãos entregamos o nosso espírito.”
(Walter Rauschenbusch, Orações por um mundo melhor, PAULUS )

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