segunda-feira, 12 de julho de 2010

Reflexões Kunta-Kinte-scas - 1

Reflexões Kunta-Kinte-scas - 1
(Ao César, vitima de grande opressão em BH)
Miguel Garcia

Algumas igrejas mentem. Precisam metamorfosear todas as coisas em mistérios insondáveis – tão so-mente decifráveis através dos chefes mistagogos que “elas produzem” em série, manobra que lhes vem garantindo domínio sobre fracos de espírito em todo o mundo. É isso que algumas igrejas fazem ao significado de "todas as coisas".
Num esforço de romper com esse enquadramento-escravização, ofereço uma reflexão do importante cientista Humberto Maturana, sobre os significados da linguagem, comunicação e sobre o que nos distingue como humanos, para analizarmos se de fato vivemos e agimos como humanos, para além de férteis imaginações, palavras vazias e neg-ações mort-ais:

O peculiar do humano não está na manipulação, mas na linguagem e no seu entrelaçamento com o emocionar. Mas se a hominização do cérebro primata está relacionada com a linguagem, com que está relacionada a origem da linguagem? Comumente dizemos que a linguagem é um sistema simbólico de comunicação. Eu sustento que tal afirmação nos impede de ver que os símbolos são secundários à linguagem. Se vocês estivessem olhando duas pessoas pela janela, sem ouvir os sons que emitem, o que vocês teriam de observar para dizer que elas estão conversando? Quando se pode dizer que uma pessoa está na linguagem? A resposta é simples, e todos nós a sabemos: dizemos que duas pessoas estão conversando quando vemos que o curso de suas interações se constitui num fluir de coordenações de ações. Se vocês não vêem coordenações de ações ou, segundo o jargão moderno, não vêem comunicação, nunca falarão de linguagem. A linguagem está relacionada com coordenações de ação, mas não com qualquer coordenação de ação, apenas com coordenação de ações consensuais. Mais ainda, a linguagem é um operar em coordenações consensuais de coordenações consensuais de ações.”

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