sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Caótico

Caótico
Miguel Garcia
A tez roçando a superfície do metal enferrujado - dois corpos se dissipam no tempo (dedos mortais tangendo cordas perecíveis).
A mente segue torturada. Som algum ou ruído ordenado içam a esperança submersa.
Tamanha desordem domina meus pensamentos.
Torrentes nefastas e cruéis lavariam de mim essa dor? Extasiar-me ante Deus e a humanidade bastaria? Mascarar fúteis ocupações ou mesmo obsessões doentias, confundir propositalmente essas últimas com proezas colossais, destinadas à redenção e prosperidade da humanidade, sucitaria fé em mim?
Ouço vozes, videncio, pressinto apetites vorazes e infernais se aproximando.
Hoje a sordidez irrompeu como plasma encandecente, devorando e expondo as entranhas da alma torturada - o idealismo desfez-se em chamas. Morte ao um romântico incurável!
Quando a mentira caracterológica já não socorre, segue-se desprotegido, sem a couraça que outrora vedava o nervo das percepções.
Sinto-me exposto à solidão, desamparo e angústia constante - nas garras do pavor, à deriva num mar de infortúnios - como que perdido de mim mesmo.
Sinto-me só e tremulo, à beira do esquecimento - órfão e sem coragem para renunciar ao pavor sem qualquer pavor - caótico.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Finamento.

Finamento.
Miguel Garcia

Ah! Esse Nirvana que sou! Aeróbata.
Esse projeto que sou! Imaginário, ilusório, irrisório, intencional, aniquilado.
Esse perdido, inválido - nem alma viva, coisa alguma, nem patavina, promessa, ninguém.
Ah! Essa aparência que sou!
Espectral, fantasmagórico, miragem, visão, alucinação, essa utopia, o devaneio que sou, o vácuo, o deserto, hiato.
Ah! esse acidente!
Esse verniz, essa tintura que sou – coisa postiça.
Esse emprestado, estranho, aparente, adiáforo, esse acessório que sou: des-Aparecido.
Garcia?
Ah! Essa ilha que sou!
Esse náufrago, estrangeiro, repugnância, esse apuro, contradição,
esse contraste, esse reverso - antípoda.
Essa cópia -
arremedo que sou, caricatura, essa paródia ao pé da letra - palavra por palavra,
esse reflexo vago, essa mancha que sou - ausência murmurante - aragem vagando perdida -
Fin-amen-to.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Adorável Shan Sa! Simples-mente Adorável!

"Sou esse caminho abrupto que conduz os peregrinos até as portas do céu. Estou nas palavras, nos clamores, nas lágrimas. Sou uma queimadura que purifica, uma dor que esculpe. Atravesso as estações, brilho como uma estrela. Sou o sorriso melancólico dos homens. Sou o sorriso indulgente da montanha. Sou o sorriso enigmático Daquele que faz girar a Roda da Eternidade!" Shan Sa

terça-feira, 6 de outubro de 2009

In-decência vital



In-decência vital
(Sobre o medo de amar e ser amado)
Miguel Garcia

Constatei que para alguns clérigos e ou potentados da religião, amar é por demais indecente. Não suportam ouvir que são amados por alguém em particular, embora cobicem o "amor" das multidões. Tratam o amor como domínio privado.

Penso que os patrões da igreja "têm razão". O que nos tornaríamos se nos amássemos todos? Imagine você que frequenta alguma igreja, terreiro, sinagoga, mesquita, salão: evangélico, católico, budista, cético ou outra crença qualquer, o que nos tornaríamos num mundo de amor? O que se tornariam os gurus e senhores da religião que devem seu posto à conquista, ao ódio e ao desprezo dos outros? O que se tornariam os chefes da igreja que compraram o cargo a custa de presentes e baseiam sua autoridade no terror que inspiram? Haveria inveja, escravização, negação da legitimidade do outro em convivência, competição predatória de alguma espécie, num mundo inspirado pelo amor? Haveria ainda poderosos e fracos, ricos e pobres, homens livres e escravos?

"Pastores (as)", "bispos (as)", padres e "apóstolos" - gurus religiosos ou psicológicos - ilustrados e cientificados ou singelos e supersticiosos (toscos) que vêm no amor uma ameaça estão cobertos de razão: o amor seria a destruição do mundo deles. Essa gente só verá o Reino do amor sobre as cinzas do deles.

Vassum Crisso!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sorry-Kierkegaard-ando!

Sorry-Kierkegaard-ando!
Miguel GarCia
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Senhoras e senhores estamos flutuando no espaço! O cristianismo está deturpado. Os ensinamentos de Jesus esquecidos e destruídos. A "igreja" é um refúgio para os covardes e complacentes. Desprezo os "ministros" religiosos que são falsos profetas e buscam a placidez e posições influentes na sociedade e não a "salvação" pelo sofrimento, desprezo!
A igreja aboliu o cristianismo em nome de Cristo. Para os "sacerdotes" o cristianismo não existe e no entanto eles vivem dele. "A igreja é um monopólio organizado, que administra o que pertence ao domínio privado da alma individual: a religião". S.K.