segunda-feira, 30 de março de 2009

Sem tí-tu-lo

Sem Tí-tu-lo
Miguel Garcia


Pra ser sincero ando que é puro desespero. Nada se encaixa, nada me encaixa, nada faz sentido. Expectativas de outrem se avolumando sobre mim torturam minha alma, sufocam de desejo, esmagam sentimentos. Mal consigo abrir os olhos, mal consigo respirar e não dá mais pra fugir de mim mesmo ou dissimular. Estou por toda parte assombrado e perseguido. Meu olhar fere como flecha envenenada... já não posso contemplar-me... Cada infeliz sou eu, cada andarilho sem destino, cada medonho, cada moribundo, cada insatisfeito, solitário, cada perturbado, cada louco, cada viciado e, contudo, eu mesmo não sou ninguém, sou apenas um nada, um caos, um vazio, não existo mais, não ao ponto de dar-me conta disso.

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