terça-feira, 18 de novembro de 2008

Psicologia da Inveja

Um ventrudo sapo grasnava em um pântano quando viu resplandecer no mais alto de uma pedra um vaga-lume. Pensou que nenhum ser teria direito de luzir qualidades que ele mesmo não possuiria jamais. Mortificado pela sua própria impotência, saltou em direção a ele e o encobriu com seu ventre gelado. O inocente vaga-lume ousou perguntar ao seu algoz: Por que me tapas? E o sapo, congestionado pela inveja apenas conseguiu interrogá-lo: Por que brilhas?
José Ingenieros em "O homem medíocre", Ícone Editora, p. 156.
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Eu até que tentei viver minha vida - reluzir música, cintilar poesia...
Só não me dei conta de todos aqueles batráquios à espreita, vigiando, prontos pra saltarem sobre mim com seus corpos obesos de admiração infeliz, dispostos a encobrir-me à sangue frio e paralizar com toques gélidos cristalizadores...
Só não me dei conta de que para se cumprir o destino dos pirilampos, tem-se que escapar de anuros - os "destituídos" do pantano.

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