terça-feira, 25 de novembro de 2008

Alma per-seguida

Alma per-seguida
Miguel Garcia

Selvagem -
agreste princípio de vida.
Amiga das sombras,
translúcida à nudez de olhares,
alheia, silenciosa e rude,
voraz de afetos e paixões cruas,
a alma.
Camuflada em galhos de esquecimento,
entre as folhagens de memórias entorpecidas,
presságios de castigo ou malefícios,
prenúncio do temível,
desgraça ou doença mortal.
A alma sobra dorida e sem destino,
acuada e exposta ao tempo.
Forma o salto sobre as patas traseiras,
tremula de horror e espanto.
Distante da toca e embaraçada em cerco fatal,
compelida a livrar-se a todo custo,
teima rangendo as presas,
sem, contudo, escapar do destino.
A alma na mira do olhar caça-dor –
do bem ou do mal,
penetrada por seta de um desejo agudo,
suspira e entrega-se à "perdição".
Quem dera pudesse vagar
sem que fosse per-seguida...

Nenhum comentário: